A água é um recurso natural que a cada dia torna-se mais escasso e vulnerável. Para assegurar sua utilização eficiente, duradoura e ordenada, bem como preservar seu papel ecológico, é indispensável que as instituições responsáveis por sua gestão disponham, cotidianamente, de informações corretas sobre a qualidade e quantidade disponível numa dada seção de seu curso natural.
A gestão dos recursos hídricos, frente aos segmentos que mais os demandam, ou seja, agricultura, indústria, abastecimento humano e geração hidroelétrica deve ser exercida de modo harmônico, levando-se em consideração a preservação da qualidade e a disponibilidade, principalmente quando o uso é consuntivo como ocorre na agricultura irrigada, usos domésticos e processos industriais.
Enquanto os órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, em níveis federal, estadual e de bacia hidrográfica, necessitam de informações confiáveis sobre a disponibilidade de água a fim de atender as demandas de outorgas de direito de uso da água, os engenheiros encarregados do planejamento, dimensionamento e manejo de projetos, que demandam consuntivamente a água, necessitam de tecnologia adequada e informações corretas, que levem ao uso otimizado deste recurso.
Atentos a estas dificuldades e cientes de que poderiam contribuir no sentido de solucioná-las, a Fundação Rural Mineira - RURALMINAS e a Universidade Federal de Viçosa celebraram convênio de cooperação mútua, em fevereiro de 1989, objetivando ao intercâmbio de conhecimentos científicos e tecnológicos decorrentes das atividades desenvolvidas pelas partes.
O objetivo principal deste convênio foi desenvolver um programa de pesquisa e desenvolvimento, denominado HIDROTEC, direcionado à geração e transferência de tecnologia de suporte para o planejamento, dimensionamento, manejo e gestão de projetos envolvendo os recursos hídricos, no Estado de Minas Gerais.
O programa recebeu apoio do CNPq no biênio 1991/1992, da FAPEMIG em 1996/1998 e do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia legal / Secretaria de Recursos Hídricos em 1997, que o tornou de âmbito nacional enfatizando, especialmente, o treinamento de técnicos, a regionalização de variáveis hidrológicas e o gerenciamento e outorga de água. Em 2002 recebeu apoio da Agência Nacional de Águas - ANA na publicação dos Boletins Técnicos No 5 e 6, versando sobre as sub-bacias do rio São Francisco em Minas Gerais. Os Boletins técnicos de números 6 a 10 foram publicados com recursos financeiros da RURALMINAS. Em 2005 com apoio do IGAM foi publicado a primeira edição do "Atlas Digital das Águas de Minas" (CD-ROM e manual). Em 2007 com recursos do FHIDRO (Fundo de Recuperação Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais) foi publicado, também no formato de CD-ROM, a segunda edição do referido Atlas.
Embora possa ser considerado satisfatório, o atual conhecimento científico e tecnológico relativo aos projetos hidroagrícolas encontra-se disperso nas bibliotecas e, na quase totalidade dos casos, escrito em línguas estrangeiras dificultando o acesso da maioria dos técnicos que atuam em projetos hidroagrícolas . Portanto, além da necessidade de geração de tecnologia em nível regional, necessita-se também transferí-la aos técnicos de modo objetivo, claro e abrangente dentro de cada área.
As regiões objeto de interesse do programa HIDROTEC é aquela abrangida por todo território mineiro e partes das áreas de drenagem das bacias (divisas do Estado mineiro até a foz) dos rios: Doce, Jequitinhonha, Buranhém, Jucuruçu, Itanhém, Peruíbe, Mucuri, e cabeceiras dos rios: Preto/Paracatu, Verde Grande e Carinhanha. Nessas regiões estão inseridas partes das regiões hidrográficas do Paraná, São Francisco, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste, segundo resolução do CNRH n° 32 de 15/10/2003, que instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional.
A metodologia e as tecnologias geradas no âmbito do Programa HIDROTEC, em 21 anos de parceria institucional, estão disponibilizadas na Internet e constam nos Boletins Técnicos já publicados números 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10 que abordam as sub-bacias dos rios Verde Grande, Pardo, Jequitaí, Jequitinhonha, Doce, Paracatu, Alto São Francisco, sub-bacias do Alto e Médio São Francisco, sub-bacias do rio Paranaíba, bacias do Leste, sub-bacias dos rios Grande e Paraíba do Sul.
Principais temas abordados:
As tecnologias geradas são importantes para o diagnóstico e planejamento de projetos de pequeno e médio porte, na área de recursos hídricos, tais como: vertedores de barragens, canais, obras de proteção contra inundações, bueiros, galerias pluviais, pontes, projetos de abastecimento de água e irrigação, sistemas de drenagem, volume de regularização, projetos de pequenas centrais hidrelétricas, outorga de uso de água superficial, navegação, estudos sobre a qualidade de água, dentre outros, além daqueles relativos aos projetos hidroagrícolas.
Além de permitir um dimensionamento técnico, econômico e consequentemente menos riscos, as tecnologias geradas constituem uma ferramenta importante para a implementação das obras previstas nos Planos Diretores de Recursos Hídricos.
Destinam-se principalmente as instituições públicas como RURALMINAS, EMATER, IGAM, Universidades, Instituições de Pesquisa, Prefeituras Municipais, além de Empresas Privadas, ONGs, Cooperativas Agrícolas e Comitês de Bacias Hidrográficas.
Para um aproveitamento adequado dos recursos hídricos disponíveis em uma região hidrográfica é fundamental conhecer o comportamento dos cursos d'água e seus regimes de variação de vazões considerando as suas distribuições espacias e temporais, o que exige um trabalho permanente de coleta e interpretação de dados, uma vez que a confiabilidade torna-se maior a medida que as séries históricas ficam mais extensas e atualizadas.
Neste contexto e, considerando a crescente demanda de água em determinadas regiões hidrográficas mineiras gerando conflitos, como por exemplo nas bacias dos rios Verde Grande, Urucuia, Paracatu e Araguari, como também as possíveis influências do aquecimento global (acentua os extremos, acarretando problemas de inundações e secas) na distribuição dos recursos hídricos, prevê-se a revisão e atualização dos estudos hidrológicas, no âmbito do programa HIDROTEC
a cada 7 anos.
Nº 1
Sub-bacias dos Rios Verde Grande, Pardo e Jequitaí
- Recursos Hídricos Superficiais
- Relação espaçamento e profundidade de drenos
Nº 2
Bacia do Rio Jequitinhonha
- Recursos Hídricos Superficiais
- Dimensionamento de Sistemas de Drenagem
Nº 3
Bacia do Rio Doce
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Sistemas de Terraceamento
Nº 4
Bacia do Rio Paracatu
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 5
Sub-bacias do Alto São Francisco
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 6
Sub-bacias do Alto Médio São Francisco
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 7
Sub-bacias do Rio Paranaíba
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 8
Bacias do Leste
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 9
Sub-bacias do Rio Grande
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
Nº 10
Sub-bacias do Rio Paraíba do Sul e Itabapoana
- Recursos Hídricos Superficiais
- Chuvas Intensas
- Estudo de Veranicos
- Demanda de Irrigação Suplementar
É importante destacar que os Boletins Técnicos foram publicados por ocasião
da primeira e da segunda regionalização hidrológica realizada no Estado de Minas
Gerais, no âmbito do programa HIDROTEC nos anos de 1997 e 2003,
respectivamente, e portanto com edições esgotadas. As informações hidrológicas
mais atualizadas das regiões hidrográficas mineiras encontram-se na terceira
edição do "Atlas Digital das Águas de Minas", no formato de website.